O futuro da aviação pode não ser muito diferente das obras de ficção
ou das ideias mais malucas de nossa imaginação. Em breve, o espaço aéreo
pode ser ocupado novamente por dirigíveis,
como o Aeroscraft,
atualmente em etapa final de produção, além de drones e outros meios
não tripulados que podem ser utilizados para o transporte de cargas e
materiais.
A revolução no setor passa também na construção de veículos mais
seguros e econômicos para passageiros, e no que se trata de aviões
comerciais a regra parece ser a prioridade pela eficiência e pelo
tamanho das aeronaves.
Hoje, o Airbus A380 ainda impressiona qualquer um pela sua dimensão e
capacidade. Considerada a maior aeronave em operação, com dois andares
para acomodar passageiros, o modelo de classe única permite até 853
pessoas no veículo, enquanto sua versão com três classes comporta 525
passageiros.
Porém, o projeto do designer espanhol Oscar Vinals pode superar a
estrutura do Airbus. O desenho do seu AWWA Sky Whale prevê uma aeronave
com três pisos de bancos, e pela sua altura e curvatura, a aeronave
parece uma baleia gigante a navegar pelos céus.
Tamanho é documento
No que se diz respeito às linhas comerciais, a tendência é optar por
veículos cada vez maiores. Aeronaves capazes de transportar mais
passageiros permitem que as companhias aéreas ofereçam tarifas reduzidas
e mais em conta a seus clientes.
A era dos jatos conta, além do Airbus A380, com o Boeing 747, modelo
da empresa norte-americana que pode levar até 585 passageiros a bordo.
Quanto mais poltronas ocupadas por voo, mais barata pode ser a passagem
cobrada pelas companhias.
(Fonte da imagem: Reprodução/Sky Whale)
Oscar Vinals, o designer do Sky Whale, colocou seus conhecimentos e
sua imaginação no planejamento da aeronave: “Sou um entusiasta da
aviação e queria contribuir, com a minha visão, para a tecnologia,
desenvolvimento e evolução do setor”.
De acordo com o Dr. Michael Jump, professor de engenharia de
aeronaves da Universidade de Liverpool, o que falta à indústria é
justamente essa capacidade de revolucionar o design dos veículos, o que o
olhar de alguém de fora pode contribuir muito.
O acadêmico acredita que uma das maneiras de melhorar os modelos de
aviões é desafiar a imaginação, perseguir boas ideias e analisar o que
pode ou não funcionar em termos de eficiência aerodinâmica e econômica.
Liberado para decolagem
Pelas leis que regem o mercado, as companhias aéreas preferem
veículos que podem voar grandes distâncias, o tanto quanto for possível,
com a maior carga (ou o maior peso combinado de passageiros), usando o
mínimo de combustível para isso.
Se um novo projeto conseguir combinar esses três fatores, será
tecnicamente um design mais avançado e eficiente de aeronave. As grandes
fabricantes procuram sempre melhorar essa equação, mas em geral se
mantêm firmes aos modelos confiáveis, testados e aprovados.
Nos aspectos técnicos, um avião pode ser avaliado pela força de
propulsão dos seus motores, pelo conjunto aerodinâmico (em maximizar a
sustentação e minimizar a turbulência e o rastro) e pela capacidade de
carga da estrutura.
(Fonte da imagem: Reprodução/Sky Whale)
No caso do Sky Whale, o projeto contaria com as mais avançadas
tecnologias, como materiais que reparam o desgaste do material nas asas
da aeronave, propulsão híbrida e motores giratórios que permitiriam a
decolagem em linhas quase verticais. O modelo teria também um sistema de
redirecionamento do fluxo do ar para diminuir a turbulência e o rastro
do avião.
Nenhuma dessas tecnologias é viável em larga escala no momento, mas
tudo é possível, diz Vinals , o proponente do novo veículo.
Contratempos
Apesar de Vinals acreditar na importância da imaginação para o
desenvolvimento de novos veículos, especialistas da área são um pouco
mais céticos em relação ao projeto. O professor do departamento de
aeronáutica do MIT Mark Drela diz que os aviões têm a forma que têm “não
por uma decisão estética, mas por questões técnicas”.
A forma cilíndrica é necessária para conter a pressão, o que a
aeronave precisa para transportar os passageiros em alta altitude. Por
essa razão, Drela duvida que o Sky Whale seja eficiente: "É mais um
conceito estilístico", diz ele.
Além disso, para um fabricante vender uma nova aeronave, ele tem que
demonstrar que o veículo é seguro. Os regulamentos de segurança têm
evoluído ao longo do tempo, e é mais difícil provar a segurança de um
modelo que modifica radicalmente o design convencional dos aviões.
De acordo com Drela, as aeronaves comerciais têm uma série de
configurações e exigências para equilibrar todos os fatores
corretamente, sem perigo para passageiros e tripulantes. Pode ser que
não estejamos tão próximos de uma revolução no meio de transporte aéreo,
mas é bom pensar que há pessoas imaginado um futuro novo e diferente.